Talvez uma das coisas que os artistas mais gostem nos programas digitais de pintura seja o undo. Quando a gente está lá com um pincel real na mão e fazemos besteira o ctrl-z faz uma enorme falta.

A pintura digital é uma técnica como qualquer outra (óleo, aquarela, digital, etc). É bastante claro, creio, para todos que cada técnica tem sua aplicação mas o que talvez não seja tão óbvio é que algumas se prestam melhor à experimentação do que outras. E aí, quando falamos de experimentação, poucas ganham da digital.

O sketch (rascunho) nos ajuda a formular o pensamento, nos ensina a olhar e pensar grafica/visualmente. A pintura digital, além de um ótimo instrumento de sketch, é também uma ótima oportunidade de experimentação técnica. A possibilidade de testar a sua ideia em aquarela, óleo, carvão, etc., antes de finalizá-la (não importa se digitalmente ou não) é valiosíssima, tanto em termos de produtividade quanto de raciocínio e aprendizado. Depois você pode escolher finalizar a sua obra no mesmo programa de pintura digital ou, depois de “resolvida”, levá-la ao mundo analógico.

Isso sem esquecer, claro, das já conhecidas vantagens de velocidade e limpeza: não precisamos esperar a tinta a óleo secar e o ambiente não fica fedendo a aguarrás por dias a fio. É importante ressaltar, entretanto, que o seu trabalho vai se enriquecer muito se você conhecer o material com que está trabalhando. Os melhores resultados serão extraídos destas ferramentas digitais justamente por quem conhece o material real, físico.

Existem muitos programas de pintura digital. O mais conhecido é o Corel Painter® mas a minha coluna aqui no portal da Webdesign sempre mostrará soluções gratuitas. Destas, a que mais gosto é o Artweaver, um programa gratuito de pintura alemão. Existem vários outros também muito bons, como o ArtRage e até mesmo o Gimp que, apesar de ser mais de edição do que de pintura, também se presta a esta atividade. O ArtRage é muito similar ao Artweaver e do Gimp tratarei em futuros artigos.

O Artweaver também possui algumas ferramentas básicas de edição mas o seu foco principal é, sem dúvida alguma, a pintura digital. Ele fornece algumas funções básicas de manipulação de camadas (layers) similares a concorrentes comerciais, tais como: efeitos de camadas como drop shadow, transparência e todas as formas de sobreposição normalmente oferecidas (normal, darken, multiply, lighten, screen, difference, exclusion, color burn, linear burn, color dodge, hard light, soft light, color, hue, saturation, luminosity e average). O Artweaver tem também histórico, ajustes como o prático auto levels e toda uma variedade de funções básicas que você espera de um software minimamente eficaz. Não irei aqui listar todas mas é importante você saber que a maioria das funções mais comuns está presente.

Assim como muitas outras soluções gratuitas, o Artweaver também tem problemas com CMYK. E, ao contrário do Gimp, ainda não existe sequer um plugin para melhorar isso. A partir da versão 0.5.7, incluíram a paleta CMYK no seletor de cores mas não tenho certeza se podemos considerar isto um sinal de que irão implementar suporte a CMYK. Da parte de arquivos ele é bem versátil e não apenas abre .psd como também salva para este – e vários outros – formatos, inclusive pdf.

Aproveitando que este artigo é para a Webdesign online, vou fazer uso de vídeo, algo impossível na revista impressa. É importante ressaltar que o vídeo se propõe a ser uma demonstração do programa e não de arte, técnica ou estética. Então, veja o programa em ação:

Deixei o melhor para o final. Sabe aquela sua coleção de brushes fantásticas que você levou anos selecionando? O Artweaver importa .abr.

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E então, o que você está esperando? Download e mãos ao tablet!

 

 

VIGNA-MARÚ, Carolina. Pintura digital com artweaver. Revista Wide Online, 15 set. 2010.