Henri de Toulouse-Lautrec. O hífen dele é muito mais chique que o meu. Esta pobre criança era chamada pela mãe de Petit Bijou e usou vestidos até 4 anos de idade. O cara não podia ser muito certo da cabeça mesmo. Para ajudar mais ainda na piração ele fraturou as duas pernas que pararam de crescer e o transformaram num tampinha. Os amigos da boemia, mais tarde, sacaneavam o chamando de anão.

Lautrec era filho de pais separados, algo consideravelmente raro naqueles tempos – ainda mais na nobreza. É, o doido varrido era filho de aristocratas, famílias tradicionais nobres francesas. Chiquérrimo.

O primeiro professor de desenho dele foi um surdo-mudo chamado Princeteau, um pintor de animais que teve como maior contribuição para a história da arte o fato de ter sido professor do Lautrec.

Até chegar a Paris e cair na farra, Lautrec era um pintor mediano, preso a conservadorismos bobos e frios. Chegando a Paris, ele ingressa no atelier de Léon Bonnat, um pintor acadêmico que gozava de bastante prestígio na época.

Lautrec aconselhou Van Gogh a prosseguir com os seus estudos e tinha uma pinimba desgraçada com o Degas. A história com o Degas é muito engraçada: Degas sempre foi o modelo para o Lautrec, sua inspiração e principal influência. O Degas, por sua vez, admirava profundamente o trabalho do Lautrec. E os dois se odiavam. Mandavam recadinhos um para o outro de provocação, falando mal da roupa vestida na noite anterior e outras afrontas ainda menores. Reza a lenda que os dois eram amantes da mesma mulher.

Não é por nada, não, mas a noite parisiense nessa época deve ter sido divertidíssima.

Foi só em 1877 que o Lautrec fez o seu primeiro cartaz. A litografia acabou se tornando a marca registrada dele. Lautrec foi o grande pai da ilustração publicitária. A partir dele é que a coisa realmente passou a ser levada a sério. Eu o considero o primeiro designer (e por isso este artigo está em “gráficas/design”).

Lautrec era grande frequentador de bordéis. Ele adorava pintar as prostitutas enquanto estavam aguardando clientes. Ele costumava dizer que elas não tinham a artificialidade das modelos profissionais e suas posturas corporais burguesas. Eu o entendo perfeitamente. Só não vou na Vila Mimosa desenhar porque não sou corajosa o suficiente.

Fotografia foi outra grande paixão para Lautrec. E ele fazia o que todo e qualquer professor de artes abomina: usava fotos como referências para seus desenhos. Todo – sério, t-o-d-o artista já fez isso pelo menos uma vez na vida mas ninguém assume, é menos “nobre”. Se você puder usar modelo vivo, recomendo, a fotografia não te permite dar a volta no modelo para ver a textura de algo ou a luz de um objeto lá trás e nem te permite mudar ângulo, enfim, é mais pobre sim. Mas aí, fala sério, duvido muito que um Cliente vá aprovar o meu orçamento de ir desenhar “ao vivo” a Torre Eiffel, por exemplo. Existem situações em que a foto se faz necessária mesmo, não tem saída. Agora, dê sempre preferência ao modelo vivo, mesmo que seja a sua avó.

“Trata-se sempre do mesmo: tornar uma coisa melhor a partir da sua essência.”
Henri de Toulouse-Lautrec