O Scribus é um programa open source de diagramação. Existem muitos tutoriais em inglês disponíveis on-line, inclusive em vídeo. Como esta é uma revista voltada para a web, vou considerar a meta de produção como e-books e afins e não vou me preocupar aqui com questões como resolução mínima de impressão ou geração de marcas de registro, por exemplo.

Se esta for uma questão importante para você, no site de documentação do Scribus, você encontrará bons pontos de partida: docs.scribus.net. Recomendo também a leitura do ótimo blog Imagem, Papel e Fúria, e do livro “O Design do Livro”, de Richard Hendel.

Antes de entrar na parte prática do programa, é importante pensarmos em alguns conceitos que talvez não sejam uma preocupação para quem é muito “webcentrado”. Diferentemente de sites, publicações em PDF e afins pressupõem certa linearidade. Ou seja, não usamos extensivamente hipertexto e lógicas similares. Toda a diagramação é pensada como um plano fechado, não-fluido ou muito menos elástico.

Além disso, o conteúdo também é pensado de forma a não utilizar referências externas, como um link para uma definição na Wikipédia, por exemplo. A publicação neste formato precisa ter certa unidade e independência, mesmo se parte de uma série ou se é um periódico. Pegue a Revista Webdesign como exemplo: cada edição tem uma identidade comum a todas e, ao mesmo tempo, encerra os assuntos ali propostos com artigos completos e que se sustentam sozinhos.

Podemos usar esta mesma lógica, da publicação linear, em outras aplicações. Não é incomum, por exemplo, que um artista queira sua obra dividida em anos ou em fases. Podemos criar um PDF para cada segmento ou seção e colocá-lo de forma a fazer sentido no todo, com ou sem textos explicativos. Ou, ainda, é possível que um cliente seu queira uma área de downloads de documentos que necessitam ser impressos em uma formatação específica (como atas, pareceres jurídicos etc.). Ou seja, nem só de CSS vive o homem.

O Scribus é um programa bastante complexo. Existem inúmeros bons tutoriais e uma vasta documentação a seu respeito na web e, portanto, o propósito deste artigo é apenas de apresentá-lo como uma solução possível de diagramação. Para começar, como mandam os bons costumes, abrimos um novo documento.

A caixa de diálogo exibe algumas opções interessantes, como a possibilidade de dobras duplas ou triplas e a mudança da unidade de medida para cada documento.

Na hora da criação, pedi um “Automatic Text Frame”, então é só colar o texto a ser diagramado.

Uma das principais características do Scribus é que ele trata cada elemento individualmente, inclusive com a possibilidade de mudarmos o nome para uma identificação mais rápida. No caso de uma publicação maior será muito mais fácil de identificar “Tabacaria” do que “Text1”, por exemplo.

Se você precisar criar novas caixas de texto, a passagem automática de uma para outra pode ser ligada/desligada no “Link Text Frames”.

Todos os ajustes de texto são encontrados na caixa de diálogo “Text”, os de imagem na caixa “Image” e assim por diante.

Assim como os melhores programas de Desktop Publishing, o Scribus também tem estilos de parágrafo. Clique em “New” para criar os seus estilos. Depois, para aplicá-lo é só selecionar o texto e clicar em “Style” na caixa de texto.

 

Se quiser quebrar uma página antes do automático, é só arrastar a linha final para a quebra ou então inserir um “Frame Break” na posição certa.

Inserimos, então, um Image Frame e, com dois cliques em cima dele, importamos uma imagem. Neste caso, estou usando uma fotografia da tabacaria Seattle Rainier Cigar Co, de 1900, encontrada no Wikimedia Commons.

As imagens podem ser tratadas de várias maneiras. Uma das mais comuns é com o texto contornando os limites da imagem. Para isso, basta clicar em “Shape” e em “Text Flows Around Frame”.

Outra coisa importante de mostrar é que o Scribus trabalha com layers e podemos, por exemplo, inserir a imagem por baixo do texto.

Em “Document Setup”, em “Sections”, você pode manipular e adicionar seções do seu documento e, depois pode gerar um índice automático em “Page of Contents”. Funciona mais ou menos como o book do InDesign. É nesta caixa de diálogo também que você encontrará a exportação para PDF.

 

Inserir número de páginas também é bem similar ao programa da Adobe. Basta inseri-lo como um caracter especial dentro de um frame de texto.

Acredito que, com estes poucos dados, já seja possível fazer algo com o Scribus. Assim como qualquer software open source, este também muda um pouco a lógica das coisas para quem está acostumado a similares comerciais. É necessário um período de adaptação, mas acredito que a maioria das necessidades de diagramação sejam supridas por ele. Pode ser uma boa solução gratuita para você ou para a sua empresa, inclusive para impressos.

publicado em 27/08/09 no portal da revista Webdesign