Atenção: por algum motivo alheio ao meu conhecimento, esse artigo tem sido muito acessado. É importante ressaltar que foi escrito em 2010 e que portanto pode estar desatualizado e que novas versões do Scribus podem trazer ferramentas e características diferentes. O post não foi atualizado.

 


 

O Scribus é um programa opensource de diagramação. Existem muitos tutoriais em inglês disponíveis online, inclusive em vídeo.

Como esta é uma revista voltada para a web, vou considerar a meta de produção como e-books e afins e não vou me preocupar aqui com questões como resolução mínima de impressão ou geração de marcas de registro, por exemplo. Se esta for uma questão importante para você, no site de documentação do Scribus você encontrará bons pontos de partida. Recomendo também a leitura do livro O Design do Livro, de Richard Hendel.

Antes de entrar na parte prática do programa é importante pensarmos em alguns conceitos que talvez não sejam uma preocupação para quem é muito “webcentrado”.

Diferentemente de sites, publicações em pdf e afins pressupõem uma certa linearidade. Ou seja, não usamos extensivamente hipertexto e lógicas similares. Toda a diagramação é pensada como um plano fechado, não-fluido ou muito menos elástico. Além disso, o conteúdo também é pensado de forma a não utilizar referências externas, como um link para uma definição na wikipedia, por exemplo. A publicação neste formato precisa ter uma certa unidade e independência, mesmo se parte de uma série ou se é um periódico. Pegue a Revista Webdesign como exemplo: cada edição tem uma identidade comum a todas e, ao mesmo tempo, encerra os assuntos ali propostos com artigos completos e que se sustentam sozinhos.

Podemos usar esta mesma lógica, da publicação linear, em outras aplicações. Não é incomum, por exemplo, que um artista queira sua obra dividida em anos ou em fases. Podemos criar um pdf para cada segmento ou seção e colocá-lo de forma a fazer sentido no todo, com ou sem textos explicativos. Ou, ainda, é possível que um cliente seu queira uma área de downloads de documentos que necessitam ser impressos em uma formatação específica (como atas, pareceres jurídicos, etc). Ou seja, nem só de CSS vive o homem.

O Scribus é um programa bastante complexo. Existem inúmeros bons tutoriais e uma vasta documentação a seu respeito na web e portanto o propósito deste artigo é apenas de apresentá-lo como uma solução possível de diagramação.

Começando do início, como manda os bons costumes, abrimos um novo documento.

Scribus: diagramando em software livre

A caixa de diálogo exibe algumas opções interessantes, como a possibilidade de dobras duplas ou triplas e a mudança da unidade de medida para cada documento.

Scribus: diagramando em software livre

Na hora da criação, pedi um Automatic Text Frame, então é só colar o texto a ser diagramado.

Scribus: diagramando em software livre

Uma das principais características do Scribus é que ele trata cada elemento individualmente, inclusive com a possibilidade de mudarmos o nome para uma identificação mais rápida. No caso de uma publicação maior, será muito mais fácil de identificar “Tabacaria” do que “Text1”, por exemplo.

Scribus: diagramando em software livre

Se você precisar criar novas caixas de texto, a passagem automática de uma para outra pode ser ligada/desligada no Link Text Frames.

Scribus: diagramando em software livre

Todos os ajustes de texto são encontrados na caixa de diálogo Text, os de imagem na caixa Image e assim por diante.

Scribus: diagramando em software livre Scribus: diagramando em software livre Scribus: diagramando em software livre

Assim como os melhores programas de Desktop Publishing, o Scribus também tem estilos de parágrafo. Clique em new para criar os seus estilos. Depois, para aplicá-lo é só selecionar o texto e clicar em “style” na caixa de texto.

Scribus: diagramando em software livre Scribus: diagramando em software livre

Se quiser quebrar uma página antes do automático, é só arrastar a linha final para a quebra ou então inserir um frame break na posição certa.

Scribus: diagramando em software livre

Inserimos então um Image Frame e, com 2 cliques em cima dele, importamos uma imagem. Neste caso, estou usando uma fotografia da tabacaria Seattle Rainier Cigar Co, de 1900, encontrada no endereço http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Seattle_Rainier_Cigar_Co_-_1900.jpg

Scribus: diagramando em software livre

As imagens podem ser tratadas de várias maneiras. Uma das mais comuns é com o texto contornando os limites da imagem. Para isso, basta clicar em Shape e em Text Flows Around Frame.

Scribus: diagramando em software livre

Outra coisa importante de mostrar é que o Scribus trabalha com layers e podemos, por exemplo, inserir a imagem por baixo do texto.

Scribus: diagramando em software livre Scribus: diagramando em software livre Scribus: diagramando em software livre Scribus: diagramando em software livre

Em Document Setup, em sections, você pode manipular e adicionar seções do seu documento e, depois pode gerar um índice automático em Page of Contents. Funciona mais ou menos como o book do InDesign. É nesta caixa de diálogo também que você encontrará a exportação para PDF.

Scribus: diagramando em software livre

Inserir número de páginas também é bem similar ao programa da Adobe. Basta inseri-lo como um caracter especial dentro de um frame de texto.

Acredito que com estes poucos dados já seja possível fazer algo com o Scribus. Assim como qualquer software open source, este também muda um pouco a lógica das coisas para quem está acostumado a similares comerciais. É necessário um período de adaptação mas acredito que a maioria das necessidades de diagramação sejam supridas por ele. Pode ser uma boa solução gratuita para você ou para a sua empresa, inclusive para impressos.

 

Scribus: diagramando em software livre. Revista Wide online, 27 ago. 2010.