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Artigos, críticas e crônicas publicados no Jornal Rascunho
Metrô. Uma senhora conversa com outra. O filho virou vegano depois de casar-se. Tudo bem, ela diz. Sicrana é uma ótima moça. Então, para mostrar seu apoio, ela…
Nina Simone tem todo um devir gato. No frio, dorme embaixo das cobertas. Pega sol no sofá. Limpa os olhos sozinha. Dorme no centro absoluto da cama, alimentando…
Chegam o vidraceiro e a mulher do vidraceiro. Sorri e diz que, de final de semana, ajuda o marido. O vidraceiro começa a medir tudo e ela, com…
Descubro que uma livraria colocou o Kafkianas, da minha mãe, na seção de biografias. Ela teria achado isso divertidíssimo. Minha mãe se isolava para escrever. Passava meses em algum…
Em 2014 ou 15, algo assim, quando descobri a técnica de encáustica, um amigo que estava trabalhando no mesmo ateliê diz que perdeu alguns anos de vida por…
Soube de uma pessoa que notificou o seu empregador que tinha conseguido uma vaga melhor, em outra empresa, e que, portanto, estava pedindo demissão. A empresa ofereceu um…
Nós, os colonizados por Hollywood, associamos o 4 de julho à independência norte-americana. Foi nesse dia, em 1776, que a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América…
Ilustração para PEREIRA, Rogério. A palavra ausente. In: Rascunho, v. 24, n. 292, Ago. 2024, p. 39. Impresso e online. https://rascunho.com.br/colunistas/sujeito-oculto/a-palavra-ausente/
Penso, ao ler Chumbo, em uma avalanche de considerações sobre o olhar do viajante, do estrangeiro, sobre o distanciamento crítico, sobre ver de fora, etc. Trata-se de uma HQ…
R. me comprou um mouse gamer. Ergonômico, macio, a rodinha funciona. E acende, como todo equipamento gamer. Meu teclado também tem luzes coloridas. Assim como em todas as…
A rodinha do meu mouse está doida. Tem horas em que eu giro, carinhosamente devo ressaltar, na direção da palma da mão e, ao invés de descer na…
Nem acredito que o semestre está acabando. Meu cérebro derreteu lá por abril, eu acho. Cheguei em um momento da minha vida em que vejo as férias aproximando…
Hoje, 6 do 6, é aniversário do P. Depois, 7 do 7, do N. Em seguida, 8 do 8, do R. Existe, em algum lugar, uma foto da…
Ilustração para PEREIRA, Rogério. Do amor e do ódio, a faca. In: Rascunho, v. 24, n. 291, Jul. 2024, p. 31. Impresso e online. https://rascunho.com.br/colunistas/sujeito-oculto/do-amor-e-do-odio-a-faca/
Coloquei a cápsula. Esperei a luzinha ficar verde. Apertei para preparar o café e fui fazer outra coisa. Volto, um banho de café. Esqueci de botar a caneca…
Quintas são os dias de que Nina Simone mais gosta. Adoraria dizer que é por causa das minhas crônicas, mas ela não sabe ler. Com a vida corrida…
Todos nós temos algum tipo de anjo na vida. Pode ser um médico que ajudou em um momento complicado, um colega de trabalho generoso, um amigo-para-toda-obra, uma professora…
Minha mãe morreu muitas vezes. Nós morremos e nascemos muitas vezes durante nossa vida. Também vivemos na morte. Descubro que uma amiga está com esse mesmo câncer. E…
Às vezes acho que não tenho salvação. Que minha distração um dia terá uma crise aguda dentro dessa condição crônica e eu vou, sem querer, me mudar para…
Ilustração para PEREIRA, Rogério. Os pescadores. In: Rascunho (ISSN 2966-2524), v. 24, n. 290, JUN 2024, p. 39. Disponível em: <https://rascunho.com.br/colunistas/sujeito-oculto/os-pescadores/>. (online e impresso)
Fiz algo que não fazia tinha muito, muito tempo. Li um pouco do Facebook. Normalmente só entro, vejo notificações, respondo alguma mensagem aleatória e saio correndo. Hoje, li….
Vamos no almoço executivo indiano do final da Paulista. Sentamos, pedimos. Ligam a televisão. Olho em volta. Além de nós dois, mais cinco pessoas ao todo, divididas em…
Nina fez xixi na sala. Na frente do sofá. Agora, ao invés de comer sofás, ela os rega. Quem nunca. Existe uma coisa chamada “Doença do Nobel”. É,…
Gasto meu feriado corrigindo provas. Tudo bem, faz parte. O cansaço toma conta. Não tem um único colega com quem eu converse que não esteja exausto também. Às…
ilustração para PEREIRA, Rogério. Duas leitoras. In: Rascunho, v. 24, n. 289, Maio 2024. Online e impresso. Pág. 39
Existe uma estrutura de piada clichê, que fala de algo que uma pessoa faz em uma determinada condição ruim, o outro acha razoável mas tem o punchline da quantidade. Por…
As notícias recentes parecem querer demonstrar de uma forma muito didática que o jornalismo generalista virou, realmente, entretenimento. Acompanho com entusiasmo as operações da Polícia Federal. Já tenho…
Pisquei e completei, nessa semana, 53 bem vividos. Uma pneumonia apagou do calendário a comemoração, o que me deixou bem chateada. Gosto de celebrar a passagem vitoriosa do…
Encontrei no Twitter uma prova incontestável de que Nina Simone é viajante do tempo. A fotografia, com uma caprichada moldura dourada, retrata uma menina e seu cachorro. A menina está…
ilustração para PEREIRA, Rogério. Dois jogadores. In: Rascunho, v. 24, n. 288, Abril 2024. Online e impresso. Pág. 47
Adoro todos os 29 de fevereiro. Ano bissexto tem um quê de criança com nome composto: a mãe só usa o nome completo na hora da bronca. Isabel…
Da minha janela vejo uma pessoa gravemente doente. Em homecare, sonda, oxigênio, etc. Sua roupa de cama está sempre branca e tem flores na mesa de cabeceira. É uma…
No filme Todo mundo ama Jeanne (direção de Céline Devaux, 2022) tem algumas cenas sobre esvaziar o apartamento da mãe falecida e todas as memórias e surpresas que essa ação…
Não falha. É só alguém me entregar um trabalho qualquer, não importa de que tipo, que eu imediatamente entro em modo de sobrevivência. Começo a fazer conta…
Com uma grande e infantil felicidade, recuperei as forminhas de picolé e me pus a fazer sorvetes-no-palito em casa. A produção, naturalmente, inclui agrados gelados para a Nina…
ilustração para PEREIRA, Rogério. Nosso incrível Hulk. In: Rascunho, v. 23, n. 287, Março 2024. Online e impresso. Pág. 39
Hoje, dia 25 de janeiro de 2024, a cidade que escolhi como minha completa 470 anos. Amo São Paulo. Vim para cá de propósito e com muito esforço….
Acompanho via Instagram, com enorme felicidade, a viagem de uma amiga à Turquia. O país, curiosamente, não está na lista dos próximos lugares que eu gostaria de conhecer….
Estava eu lá quieta no meu canto. Juro para vocês. Eu estava até mesmo de headphone, olhando pro teto como sempre. O cidadão entra e senta do meu…
Entramos em 2024 alheios ao mundo. Os fogos, tímidos, não se deixaram ver da janela. A música estava distante e abafada. Não tínhamos convidados. Jantamos cedo, como sempre….
Que ano, porca miséria. Com algumas vitórias, é verdade, mas ainda assim. O Natal teve pouquíssimas pessoas e terminou cedo. Estamos exaustos. Ninguém aguenta mais. O meu primeiro…
No momento eu tenho uma pia de cozinha toda errada, um encanamento estranho, janelas sem cortina, chuveiro sem box, uma pintura faltosa e contas a pagar. O importante…
Semana de mudança é horrível mas serve para mudar também por dentro. Junto com caixas, os muitos livros e os poucos móveis vão também pertencimentos, os territórios, os…
No metrô, uma mulher sem noção escuta um vídeo com áudio alto, aberto. Todos no vagão p-r-e-c-i-s-a-m ouvir esse meme. Não sei como cheguei até aqui sem ouvir…
Plantas domésticas são um esquema de pirâmide. Você compra um vasinho. Uma coisa pequena. Uma minissuculenta. Um temperinho. Tomate. Morango. Uma trepadeira aqui para a janela. Será que…
Todos os memes estão certos. Moramos em Tatooine. Está tão quente que Salvador Dali seria considerado realista. Esse calor serviu para me mostrar que não sobrevivo no inferno; preciso…
Nina para de repente e eu pareço um mímico fazendo palhaçada na rua. Todo dono de cachorro sabe que existe uma rede invisível de comunicação estabelecida através dos…
Escrevo, notebook no colo, bunda no chão. Obra é sempre um inferno. Olho para as paredes, para os buracos, para o cano aparente, para o fio que não…
ilustração para PEREIRA, Rogério. O menino morto. In: Rascunho (ISSN 2966-2524), v. 23, n.284, Dezembro 2023. Online e impresso. Pág. 47/ https://rascunho.com.br/colunistas/sujeito-oculto/o-menino-morto/
Tento explicar para o empreiteiro que a entidade estante de livros é a parte mais importante da obra. Ele insiste em detalhes insignificantes como água, encanamento, eletricidade, sei lá, umas…