Sou daquelas don’t need no man: sei usar furadeira, serra, martelo e não entro em pânico quando vejo um inseto. Até onde minha geração vai, estou no grupo das independentes. Isso significa, grosso modo, que penduro prateleiras (tortas) e mato baratas sozinha. Não, eu não sei trocar pneu, não exagera.
As feministas de raiz, feministas de várzea, vão me xingar, mas acho ômi uma coisa muito útil. Enche o saco às vezes, é verdade, mas é bom de ter por perto.
Outro dia uma mangueirinha sei lá do quê do meu carro vazou. Ômi foi lá e improvisou algo até que eu chegasse na oficina. Mecânico queria me enrolar, ômi foi lá e fez cara de mau. Vazamento? Ômi foi lá e resolveu antes que eu chegasse, evitando um infarto meu. Impressora parou? Ômi foi lá e resolveu. Tô falando, gente, ômi é prático pra caramba.
Acho mais que justo que tudo que for chato, pesado, longe e/ou demorado, sejam os ômis a fazer. A gente já os aguenta!
Agora, realmente dá vontade de matar de vez em quando. O meu ômi, por exemplo, corre risco de vida cada vez que tenta iniciar uma carreira como humorista. Minha maior dificuldade nem está em pensar em todos os prós do ômi, já que são em bom número, mas em fazer qualquer comentário sendo que tenho espelho em casa e sei o quão pifiamente conto piadas. Consigo estragar até o que não dá mais para piorar, como piada de pontinho. Até hoje lembro da vez em que fui contar pro meu filho a do asterisco na festa dos pontinhos. É, que usa gel no cabelo. Essa mesmo. A piada tem, sei lá, umas 4 palavras e eu comecei errado. É todo um talento muito específico.
Tem umas coisas lindas também. Tipo ômi que não gosta de comida japonesa e mesmo assim vai. Ou ômi que cozinha pra gente. Ou ômi que leva café da manhã na cama. Ou ômi que caça a pizza. Ou ômi que compra sorvete. Ou talvez eu esteja só com fome.
Publicado no portal Vida Breve em 15 de maio de 2017.