A ficção científica normalmente não me atrai muito. Existe um problema intrínseco, para mim, que é a da suspensão da realidade na escrita pretensamente calcada em parâmetros científicos. Este é um problema que nasceu com a FC (como carinhosamente é chamada a ficção científica). Existem raríssimos autores que conseguem o fazer acreditar dentro deste contexto, de um irreal científico.
Eric Novello é um desses raros e preciosos autores.
Eric é um dos autores do livro Paradigmas 1, lançado recentemente pela Tarja Editorial.
Por motivos óbvios, comecei o livro pelo conto dele.
Fogo de Artifício na verdade não é FC, é fantasia urbana, e isso por si só talvez já explique eu ter gostado. O conto se baseia no universo ficcional de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, ou seja, espere encontrar um gato sorridente e um chapeleiro maluco mas não leia para seus filhos. É um conto adulto. Adulto como em assassinatos brutais e sexo selvagem. Adorei.
“Eu havia pedido o encontro. Perdido o controle. As mortes precisavam parar. As mortes, só por elas eu transpirava prazer.”
Pelos mesmos motivos, gostei de Um Forte Desejo, de M. D. Amado, um tipo de “fantasia pulp erótica”, se é que existe esta classificação.
Gostei também de Aqui Há Monstros, de Camila Fernandes, que, assim como Eric, se baseia em um universo ficcional pré-existente, o da mitologia grega.
Não li os outros contos ainda, mas tenho certeza de que a editoria do organizador/autor Richard Diegues fará justiça aos bons autores que assinam o livro.