Ontem, por uma gentileza da Revista 440Hz e seu editor, assisti Diego El Cigala e Toquinho no Estrella Galicia.
Eu sou fã do espanhol faz tempo.
Toquinho toca um violão de respeito, mas só deu uma palinha no show. Na minha modestíssima opinião aqui, apesar de ter sido anunciado assim, o show não era dos dois. Era só El Cigala, com uma participação boa porém brevíssima (2 ou 3 músicas, é sério) do Toquinho.
Então, vou falar só do El Cigala.
Tem aquela velha piada do Manuel Bandeira:
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
– Respire.
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
O tango, sem dúvida alguma, tem essa função meio catártica de se é para sofrer, então vamos sofrer com estilo e melodia. Estou com os argentinos nessa.
A história do El Cigala com a Amparo é de emocionar a mais fria das pedras.
Para mim — por aquelas coisas de biografia e portanto um viés muito, muito particular —, entretanto, ouvir “Dieguito” tem um registro feliz.
Quando El Cigala, com aquela voz rascante de um bom vinho tinto, abre Dos gardenias, eu tenho quase certeza de que levitei um pouco.
Obrigada, Fernando!