Nos quarenta anos que se passaram entre 2019 e 2021, a humanidade parece contabilizar mais perdas do que ganhos. Se dermos um zoom out e ampliarmos essa linha do tempo, entretanto, melhoramos.

Nossa inteligência é coletiva e cumulativa. Muitos vão falar sobre isso, como Richard Dawkins e bem antes dele, Isaac Newton com seus “ombros de gigantes”. No assunto, recomendo O otimista racional, do Matt Ridley (Editora Record, 2014).

Considerando apenas os dados estatísticos que as Nações Unidas começaram a coletar em 1960, já melhoramos nossa expectativa de vida, mundialmente, em aproximadamente 20 anos. No Brasil o aumento foi ainda maior, passando de 48 para 76,8 anos.

Com alguns soluços na história, o tempo transcorrido entre a identificação de doenças e o ano em que a primeira vacina foi aprovada é cada vez menor, de uma forma geral. A vacina contra febre tifóide levou 133 anos. Contra catapora, 42 anos. Contra hepatite B, 16 anos.

Faz sentido. Acumulamos o conhecimento e conseguimos desenvolver tecnologia cada vez mais rápido.

Sempre que comento sobre avanços humanos, escuto um ah mas o Brasil.

Aqui, o maior problema de saúde pública sempre foi a falta de saneamento básico. Apesar de ainda ser um número muito alto, as internações por doenças causadas por esse motivo caíram de 184,7 para 65 a cada 100 mil habitantes entre 2009 e 2018. Considerando, ainda, apenas os lares brasileiros, mais de 90% tem água encanada e 99,8% tem energia elétrica.

No momento em que escrevo esse post, somos aproximadamente 140 milhões de brasileiros completamente vacinados contra a Covid. Isso equivale a aproximadamente 2/3 da população. Temos uma cultura pró-vacina que vem de berço e, se não fosse a influência nefasta desse governo genocida, teríamos números ainda maiores.

Somos filhos de Carlos Chagas e Oswaldo Cruz e não fugimos à luta. Mas é uma luta. É sempre uma luta. E às vezes cansa.